Texto de
introdução do documentário “Freedom for Birth”
“Ninguém
quer viver com medo,
Mas quando
nascemos do medo,
Que
alternativa nos temos?
Se o corpo
tem medo, os músculos não funcionam.
No parto, o
medo nos paralisa, fazendo pensar que uma emergência acontecera a qualquer
momento.
E
influenciadas pela mídia, pelas nossas imagens, pelas
representações equivocadas, nós na verdade não compreendemos o parto. Ele
foi tirado de nós.
Os médicos
não encorajam a mulher a confiar no seu corpo, no bebe ou no processo de
nascimento, porque eles próprios não confiam.
E nós temos
uma assistência que encoraja intervenções e interferências desnecessárias.
Não nos
perguntam "se" devem romper a bolsa e sim "em que momento"
vão fazer isso.
No hospital
particular onde eu trabalhava quase todas as mulheres eram levadas pelo médico
a fazer indução eletiva com 39 semanas.
Se alguém
fala: "Eu acho que seu bebe pode ser prejudicado", nenhuma mãe me seu
juízo perfeito vai querer ir contra essa pessoa.
A questão
tem a ver com poder e controle. Nós levamos todas as mulheres para o hospital e
assim as controlamos.
Eu já vi
hospital com taxa de 95% de cesáreas, porque as mulheres tinham muito medo.
A obstetrícia
é uma industria e há interesses em manter as coisas assim.
Fazer as
mulheres continuarem com medo é lucrativo.
As mulheres
têm medo, os médicos têm medo.
A prática é
envolta em medo, porque as pessoas temem ser processadas.
E os
residentes mais novos muitas vezes nunca viram partos não medicalizados e sem
intervenções.
Elas
aprendem a ter medo. Ninguém aprende a confiar na fisiologia, porque não
aprendem como essa fisiologia funciona.
Juntar
medo, ganância e ignorância é a receita de uma combinação muito perigosa.
É um
verdadeiro abuso contra as mulheres.
Pode haver repercussões
sociais se não acertarmos a questão do nascimento.
O parto
natural virou uma espécie em extinção e nós temos que salvá-lo, em nome da
saúde física, emocional e mental do futuro. O bem estar da nossa cultura
depende disso.
Até pouco
tempo eu costumava dizer que estávamos numa encruzilhada, hoje eu arrisco
afirmar que chegamos ao fundo do abismo.
Como vamos
sair de dentro dele?
Existem
mais mulheres questionando isso, e eu acho que teremos uma grande virada.
As mulheres
precisam ter voz ativa, e isso pode acontecer pelo mundo todo.
É muito
importante nós começarmos a agir já, promovendo o parto natural e que lutemos
onde é necessário lutar.
Eu não paro
de ver indícios da movimentação que está acontecendo. O compromisso que essas
mulheres assumem é de se reapropriarem do parto.
Era para
ser um direito garantido. É tão simples.”
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