30 agosto 2011

O HÓSPEDE

 

O começo da gravidez incomoda mesmo,
demora um pouco para a gente se acostumar com o hóspede...
Às vezes a gente nem se lembra bem quando convidou o cara
e vai ver ele já está lá.
Eles comem nossa comida
(e na maioria das vezes reclamam, argh, que enjôo).
Dormem na nossa cama, chutam a gente e, o pior, por dentro!
Respiram até nosso próprio ar (acho que isso é o que mais faz falta)...
Vão aos poucos ocupando cada vez mais espaço, sugam nosso sangue.

Só que a gente vai se acostumando com o cara,
parece que quanto mais chuta, mais a gente vai amando
("olha, olha amor, tá mexendo, ai que lindo!!!),
vai se apegando e às vezes até acaba, no fundo,
não querendo que ele vá embora...
É como se ele já fizesse parte da família,
tanto quanto um rim, um estomago, um coração!
Quando sai dá um alívio, mas também um “vaziozim”...

Aí a gente tem que se acostumar com um novo hospede, tudo de novo!
Aquele já conhecíamos tão bem por dentro,
agora vamos ter que re-conhecer por fora...
Putz, se achávamos que o cara ocupava espaço, imaginem só agora...
Além de o cara continuar a comer nossa comida,
golfam em nós e ainda fazem cocô pela casa toda!
E descobrimos que enquanto eles dormiam na nossa cama até que era bom,
porque agora acabam ficando acordados enquanto deviam estar dormindo!
Ainda se trocassem uma ideia com a gente, se explicassem “qq tá pegando”...
Nossa, como uma coisa tão pequena pode ser tão barulhenta?!

Pelo menos o ar que era nosso temos de volta, só faltava isso!
E aí a gente ama, amaa, amaaa,
até muito mais do que se fosse um pedaço da gente mesmo.
E desse amor não esquecemos nunca, é para vida toda.
Filho até que é bom, o problema é que dura muito!

Adriana Natrielli
Mãe do Fábio (4anos), da Gabriela (2anos),
Ativista pela humanização do parto, doula e doutoranda em Filosofia – USP
Email- adrinatrielli@uol.com.br

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