09 maio 2013


Texto de introdução do documentário “Freedom for Birth”

“Ninguém quer viver com medo,
Mas quando nascemos do medo,
Que alternativa nos temos?

Se o corpo tem medo, os músculos não funcionam.
No parto, o medo nos paralisa, fazendo pensar que uma emergência acontecera a qualquer momento.
E influenciadas pela mídia, pelas nossas imagens, pelas representações equivocadas, nós na verdade não compreendemos o parto. Ele foi tirado de nós.
Os médicos não encorajam a mulher a confiar no seu corpo, no bebe ou no processo de nascimento, porque eles próprios não confiam.
E nós temos uma assistência que encoraja intervenções e interferências desnecessárias.
Não nos perguntam "se" devem romper a bolsa e sim "em que momento" vão fazer isso.
No hospital particular onde eu trabalhava quase todas as mulheres eram levadas pelo médico a fazer indução eletiva com 39 semanas.
Se alguém fala: "Eu acho que seu bebe pode ser prejudicado", nenhuma mãe me seu juízo perfeito vai querer ir contra essa pessoa.
A questão tem a ver com poder e controle. Nós levamos todas as mulheres para o hospital e assim as controlamos.
Eu já vi hospital com taxa de 95% de cesáreas, porque as mulheres tinham muito medo.
A obstetrícia é uma industria e há interesses em manter as coisas assim.
Fazer as mulheres continuarem com medo é lucrativo.
As mulheres têm medo, os médicos têm medo.
A prática é envolta em medo, porque as pessoas temem ser processadas.
E os residentes mais novos muitas vezes nunca viram partos não medicalizados e sem intervenções.
Elas aprendem a ter medo. Ninguém aprende a confiar na fisiologia, porque não aprendem como essa fisiologia funciona.
Juntar medo, ganância e ignorância é a receita de uma combinação muito perigosa.
É um verdadeiro abuso contra as mulheres.
Pode haver repercussões sociais se não acertarmos a questão do nascimento.
O parto natural virou uma espécie em extinção e nós temos que salvá-lo, em nome da saúde física, emocional e mental do futuro. O bem estar da nossa cultura depende disso.
Até pouco tempo eu costumava dizer que estávamos numa encruzilhada, hoje eu arrisco afirmar que chegamos ao fundo do abismo.

Como vamos sair de dentro dele?
Existem mais mulheres questionando isso, e eu acho que teremos uma grande virada.
As mulheres precisam ter voz ativa, e isso pode acontecer pelo mundo todo.
É muito importante nós começarmos a agir já, promovendo o parto natural e que lutemos onde é necessário lutar.
Eu não paro de ver indícios da movimentação que está acontecendo. O compromisso que essas mulheres assumem é de se reapropriarem do parto.
Era para ser um direito garantido. É tão simples.”

http://www.youtube.com/watch?v=0-U_6AM6EVs

Nenhum comentário:

Postar um comentário